Com o tema “Por democracia e nenhum direito a menos”, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Minas Gerais da Central Única dos Trabalhadores (FETRAF-MG/CUT) realiza seu V Congresso entre os dias 14 e 16 de março deste ano, na Escola Sindical 7 de Outubro, no Barreiro, em Belo Horizonte.

O V Congresso da FETRAF-MG/CUT conta com a presença de cem lideranças das delegações dos sindicatos filiados de várias regiões do estado de Minas. Ontem à tarde (14), a mística de valorização da organização e lutas das mulheres na agricultura familiar abriu os trabalhos do Congresso. Numa grande ciranda, que tomou o auditório da Escola Sindical, as sindicalistas mostraram que sem as mulheres o campo não prospera e a luta social por direitos e justiça social não acontece.

Na noite de ontem, o coordenador geral da FETRAF-MG/CUT, Juseleno da Silva, mediou a roda de conversas com a participação da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (CONTRAF-Brasil), do Levante Popular da Juventude, do Movimento Quem Luta Educa e do Movimento de Atingidos por Barragem (MAB).

Nesta ocasião, as delegações falaram sobre os desafios da organização sindical e luta pelo fortalecimento da agricultura familiar em cada região mineira. A partir das questões apontadas pelo plenário do Congresso, a roda de conversas trouxe reflexões sobre as experiências de enfrentamento à conjuntura marcada por um golpe de Estado no Brasil e seus desdobramentos negativos para a reforma agrária, previdência social, meio ambiente, crédito rural, educação, segurança alimentar e igualdade entre mulheres e homens no campo e nas cidades.

Para Marcos Rochinski, coordenador geral da CONTRAF-Brasil, o golpe de Estado de 2016 foi contra os pobres, contra a agricultura familiar e contra toda a classe trabalhadora. As elites do poder, vinculadas ao agronegócio e ao sistema financeiro internacional, não admitem que uma pequena parcela do orçamento público seja destinada à agricultura familiar.

Para Rochinski, a ofensiva vai mais além, quando há uma evidente tentativa de deslegitimar as entidades sindicais combativas do campo pelo governo federal, na medida em que se condiciona a atuação dos sindicatos nos benefícios previdenciários e de emissão da declaração de aptidão à carta sindical do Ministério do Trabalho. Essa condição fortalece o atrelamento dos sindicatos ao Estado, atacando frontalmente a liberdade e autonomia sindical que deve existir numa sociedade verdadeiramente democrática.

Hoje pela manhã (15), o deputado federal Pe. João (PT-MG), o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) e Marcos Rochiski aprofundaram os debates sobre a situação da agricultura familiar nas conjunturas brasileira e mineira. Para o Pe. João, a FETRAF tem cumprido um importante papel de pressionar o Congresso Nacional contra a ofensiva conservadora aos direitos dos trabalhadores do campo. Rogério Correia chamou atenção para as conquistas da agricultura familiar no estado de Minas Gerais, entre elas a criação da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário.

Enquanto que Marcos Rochinski destacou a prioridade do diálogo democrático na construção das políticas públicas para o campo pelo governo de Minas Gerais, através do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável. O coordenador geral da CONTRAF-Brasil denuncia o esvaziamento dos canais de diálogo e participação no governo federal. Em nível nacional, o Conselho de Desenvolvimento foi desativado e talvez se reúna em abril deste ano, disse.

Na parte da tarde de hoje, serão realizadas oficinas temáticas para a construção do plano de lutas para a próxima gestão da FETRAF-MG/CUT, através da participação ativa dos/as dirigentes e militantes delegados ao V Congresso. E hoje também de noite cultural com o cantor e compositor popular Farinhada!

Para somar na luta pela agricultura familiar

Entre as entidades parceiras convidadas para o V Congresso da FETRAF-MG/CUT, estão a CUT-MG, a Escola Sindical 7 de Outubro, o Centro de Educação Popular do Instituto Sede Sapientiae (CEPIS), Movimento de Atingidos por Barragem (MAB), Levante Popular da Juventude, Quem Luta Educa, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), dos mandatos populares dos Deputados Federais Pe. João e Patrus Ananias e Deputado Estadual Rogério Correia (ambos do PT-MG), do Conselho de Segurança Alimentar de Minas Gerais e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Agrário de Minas Gerais.