Lutar pela superação da crise econômica e política do país, a partir da unidade da classe trabalhadora e dos setores progressistas da sociedade, eis a principal tarefa da Frente Brasil Popular (FBP) lançada durante a Conferência Nacional Popular em defesa da democracia e por uma nova política econômica, no dia 5 de setembro, em Belo Horizonte, na praça da Assembleia Legislativa mineira. Dois mil delegados/as representaram 21 estados e o Distrito Federal nos debates do evento.

Os trabalhos da Conferência foram coordenados por Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT Minas Gerais, e Bernadete, militante da Consulta Popular e da Marcha Mundial das Mulheres. Beatriz destacou a experiência exitosa da articulação entre o movimento sindical, as organizações populares e a juventude engajada nas lutas sociais em Minas Gerais como importante referência para a construção da Frente Popular, desde 2013, quando eclodiram as jornadas de massas que ocuparam as ruas das principais capitais brasileiras.

Para a presidenta da CUT-MG, a diferença da FBP está na proposta de método organizativo. “Temos aqui um conjunto de organizações diferentes, mas que procuram a convergência das lutas. Por essa razão, não temos preocupações com estrutura nem hierarquia. A nossa experiência de lutas em Minas Gerais nos ensinou a trabalhar com as diferenças e priorizar as lutas que unificam e promovem convergência política entre os movimentos sociais, respeitando-se a autonomia e as formas organizativas de cada movimento”, ressaltou Beatriz Cerqueira.

Para analisar a crise econômica e política, João Pedro Stedile, coordenação do MST, fez uma analogia com o jogo de futebol. Para ele, o povo brasileiro ganhou o primeiro tempo do jogo, reelegendo Dilma para presidenta da República. A Conferência da FBP é a combinação do jogo no intervalo do tempo de jogo, para que possamos entrar em campo e fazer a viragem a nosso favor no segundo tempo da partida, com mobilizações de massas nas ruas, como as que serão realizadas no dia 03 de outubro, disse.

Em relação à crise econômica e política, “a resposta da burguesia é retirar direitos e dar golpe na democracia. Para nós, classe trabalhadora, a resposta é lutar pela implementação da agenda política vencedora nas eleições de outubro de 2014, sendo contrários aos ajustes ficais que retiram direitos, e dizer sim à democracia e não ao golpe, além combatermos a corrupção, exigindo o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais”, disse o líder do MST.

João Pedro também alertou sobre a existência de divergência entre os setores que compõem a Frente em relação à saída para a crise política. “Alguns acreditam que é possível fazer reforma política com o Congresso Nacional atual, enquanto outros acreditam na necessidade de uma Constituinte soberana, exclusiva e livre sobre o sistema político brasileiro”, segundo João Pedro do MST. Ainda para ele, a unidade e a construção de propostas programáticas que superem a reação conjuntural é uma das tarefas da Frente Brasil Popular.

Carina Vidal, presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), considerou que vivemos um momento desafiador no Brasil. Para ela, todo o povo brasileiro está sendo atacado quando se tenta fragilizar a ordem democrática do país. Ela convocou os movimentos sociais a construírem a plataforma da Frente, a partir da unidade e do debate de ideias por um Brasil melhor para o povo brasileiro.

Manifesto da Frente Brasil Popular

"Para defender nossos direitos e aspirações, para defender a democracia e outra política econômica, para defender a soberania nacional e a integração regional, para defender transformações profundas em nosso país, milhares de brasileiras e brasileiros de todas as regiões do país, cidadãos e cidadãs, artistas, intelectuais, religiosos, parlamentares e governantes, assim como integrantes e representantes de movimentos populares, sindicais, partidos políticos e pastorais, indígenas, e quilombolas, negros e negras, LGBT, mulheres e juventude, realizamos esta Conferência Nacional onde decidimos criar a Frente Brasil Popular", expressa o Manifesto ao povo Brasileiro, lançado no dia 05 de setembro.

Em síntese, os objetivos da Frente são:

1) Defender os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras: melhorias das condições de vida, emprego, salário, aposentadoria, moradia, saúde, educação, terra e transporte público!;

2) Ampliar a democracia e a participação popular nas decisões sobre o presente e o futuro do nosso país;

3) Promover reformas estruturais para construir um projeto nacional de desenvolvimento democrático e popular: reforma do Estado, reforma política, reforma do poder judiciário, reforma na segurança pública com desmilitarização das polícias militares, democratização dos meios de comunicação e da cultura, reforma urbana, reforma agrária, consolidação e universalização do SUS, reforma educacional e reforma tributária;

4) Defender a soberania nacional. O povo brasileiro é dono das riquezas naturais, que não podem ser entregues às transnacionais e seus sócios! Lutamos em defesa da soberania energética, a começar pelo Pré-Salm a Lei de Partilha, a Petrobras, o desenvolvimento de ciência e tecnologia, engenharia e de uma política de industrialização nacional!