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ESCOLA 7 DE OUTUBRO > LISTAR NOTÍCIAS > A ATUALIDADE DAS ANÁLISES DE KARL MARX

A atualidade das análises de Karl Marx

10/09/2015

Núcleo se reuniu na tarde de terça-feira (8/09) para estudar o Prefácio à "Contribuição à Crítica da Economia Política", escrito por Karl Marx, em 1859.

Escrito por: Emanoel Sobrinho, formador da Escola 7

 

A análise crítica de Karl Marx à sociedade capitalista se apresenta atual e vigorosa, principalmente, nos momentos de crise internacional do capital. Mas quem foi Marx, como ele estudou a sociedade capitalista e por que suas análises continuam atuais?

Para desvendar essas questões, o objeto de reflexão central é o Prefácio à Contribuição à Crítica Economia Política, escrito por Karl Marx, em 1859. Neste texto, o filósofo alemão delineou o fio condutor do seu método de estudo sobre o capitalismo, e que serviu como base para a elaboração de O Capital, anos depois.

Marx é "esquerda caviar"!? Muito longe disso, o filósofo alemão, nascido em 1818, na pequena Trier, sofreu severas restrições de emprego e renda para a manutenção da sua família por conta da sua opção política como militante de esquerda e intelectual orgânico das lutas revolucionárias do operariado europeu e internacional, segundo Françoise Giroud, no livro Jenny Marx: a mulher do diabo.

Ele, sua esposa, Jenny Marx, e seus filhos foram expulsos de várias cidades da Europa ocidental, como Paris e Bruxelas, até constituir residência em Londres, onde Karl Marx desenvolveu seus estudos mais profundos sobre a economia política, em colaboração com F. Engels. Segundo o professor marxista Osvaldo Coggiola, Engels é o "segundo violino" da "orquestra" do materialismo histórico dialético.

Marx sobreviveu como colaborador de periódicos e jornais operários, através de seus artigos e estudos críticos. Embora doutor em filosofia pela Universidade de Berlim, teve sua carreira acadêmica precocemente interrompida pelas suas posições críticas em relação à filosofia alemã do seu tempo.

O método de estudo de Marx, partindo da "anatomia da sociedade civil", tem como fio condutor principal as formas de produção da vida social, isto é, as relações sociais de produção. Em outras palavras, as necessidades básicas de morar, comer, beber, vestir e procriar são permanentes para os seres humanos e só podem ser produzidas na vida coletiva em sociedade, a partir de relações de produção contraídas pelos seres humanos independente da vontade individual.

Evidentemente, que as pessoas de hoje possuem outras necessidades de consumo material e imaterial, que correspondem ao nível de desenvolvimento das forças produtivas atuais. O desenvolvimento tecnológico aplicado à produção capitalista nos abastece de bens e serviços para além das necessidades básicas mencionadas, o que nos permite avançar em formas de consciência social sobre nós mesmos, nossas relações em sociedade e os rumos do mundo.

O determinismo econômico que alguns encontram em Marx se desmancha no ar quando o filósofo propõe um movimento dialético entre ser social e consciência, como apontou o historiador E. P. Thompson. Essa dialética não escapa à centralidade da luta de classes, entre produtores (trabalhadores) e os donos dos meios de produção (patrões), e, para Marx, é através das formas ideológicas (jurídicas, políticas, religiosas, artísticas, filosófica e acrescentar-se-ia a comunicação real e virtual) que possibilitam às pessoas adquirirem consciência dos conflitos existentes e lutarem para resolvê-los.

Marx não subestima a esfera ideológica tão pouco restringe a crítica à ideologia a uma dialética mecânica da relação entre infraestrutura e superestrutura, como o marxismo vulgar faz. Ele acompanhou profundas mudanças políticas, sociais, culturais e econômicas na segunda metade do século XIX, não muito diferente da crise societal que vivemos hoje, embora os contornos, sujeitos e cores guardem a singularidade de uma sociedade cada vez mais global e dominada pelo capital rentista no século XXI.

As respostas para a crise do capitalismo, para Marx, surgem no seio da sociedade burguesa e só podem ser alcançadas na luta política, pois as contradições são inconciliáveis e as soluções para o fim desse antagonismo apontariam os caminhos a uma nova história da humanidade. Por isso, não devemos esperar pelo esgotamento das relações capitalistas de produção, sob pena de assistirmos um colapso das condições de existência no planeta. Daí a importância da classe trabalhadora ter seu projeto de sociedade enquanto classe para si.

No entanto, a burguesia usa a ciência e o domínio financeiro como armas para revolucionar a produção de bens e serviços e para aprimorar seus mecanismos de dominação, subordinando os Estados nacionais e os povos à sua hegemonia. Marx e Engels chamaram atenção para essa permanente atitude revolucionária da burguesia, sobretudo, na esfera produtiva, em várias passagens do Manifesto do Partido Comunista de 1848.

Retirar as contribuições de Karl Marx da "crítica roedora dos ratos" é uma das atitudes necessárias para superar preconceitos sobre ele e seu legado. A reapropriação criativa de suas análises como arma crítica vigorosa à construção da organização e protagonismo político da classe trabalhadora na sociedade capitalista atual podem indicar perspectivas para um novo e necessário modelo societal, cujo fundamento seja o fim da exploração nas relações sociais e da degradação humana e ambiental.

Observando o método de estudo de Marx e sua abnegada dedicação ao movimento operário revolucionário, devemos trilhar do particular para o geral, reconhecendo na resistência cotidiana das experiências da classe trabalhadora o gérmen para as relações sociais e políticas portadoras de um novo projeto de sociedade.

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