Afirmar o trabalho humano como fonte de sustento e dignidade está na contramão da tendência de precarização das relações sociais de trabalho no capitalismo contemporâneo. Por isso, não podemos deixar de salientar que o trabalho precário adoece física e psicologicamente.
O trabalho contemporâneo tem perdido sua decência, pois descaradamente o capitalismo, este sistema explorador e perverso, é capaz de definhar o ser humano, destruindo a sua essência, e transformando-o num trabalhador robotizado e destituído de capacidade de pensar, questionar, raciocinar. O capital simplesmente transforma o trabalhador em um instrumento de seu lucro e, quando esse trabalhador não serve mais para os interesses de produção, torna-se descartável.
Cada vez mais o trabalho precário tem adoecido muito mais o psicológico de jovens que buscam sua inserção produtiva na contemporaneidade.
No atual contexto que o país vive, tem aumentado o desemprego e as incertezas também cresceram. Diante de diversos desafios cotidianos, o jovem trabalhador está ainda mais suscetível ao adoecimento ocupacional gerado por um mercado competitivo e perverso. Nesta lógica praticamente irracional, o jovem trabalhador é capaz de aceitar posições e imposições degradantes, a ponto de provocar deformação de personalidade. O trabalho precário nega a identidade, liberdade e perspectivas do trabalhador.
Uma mão-de-obra cada vez mais barata e desqualificada passa a ser presa fácil desse capitalismo, onde torna o trabalho ainda mais penoso, principalmente, quando se trata de primeiro emprego.
Novas nomenclaturas surgem para enganar o trabalhador, como a “flexibilização”= precarização; “novas relações de trabalho” = terceirização;“desenvolver a capacidade do trabalhador” = bater metas, e assim por diante. Mas, a grande massa continua anestesiada, sem reação alguma diante da dor e da exploração. O trabalhador já não se sente dono de si, simplesmente ele respira o ar do patrão, ar contaminado pela ideologia da dominação, onde esse opressor (o patrão) usa o oprimido para oprimir de forma horizontal os seus colegas de trabalho.
Nesse ambiente de competitividade “fabricada” é que existe o assédio, o constrangimento ou até mesmo uma dissimulação da violência psicológica, dificultando assim, que esse trabalhador denuncie. Muita das vezes, o oprimido não denuncia, pois tem medo de perder o emprego, pois é o que garante o sustento da sua família.
E quando é jovem mulher a oprimida, o problema duplica, pois não se tem com quem contar, muito menos com colegas de trabalho. Corre o risco de ser motivo de desprezo e para muitas, inexiste a família para contar com o apoio, restando a sua solidão e apresentando vulnerabilidade para a doença mental, que não é reconhecida como doença do trabalho, o que é importante ressaltar.
São muitos os trabalhadores que clamam por solidariedade e auxílio para enfrentar este desafio. No máximo, esses trabalhadores são encaminhados para a APS (Agência da Previdência e Seguridade). E na APS se deparam com atendimento insuficiente,passando por diversos constrangimentos. Muitos trabalhadores desistem já na primeira perícia e volta a trabalhar doente, o que não está correto, pois, é nesse estágio que pode ocorrer suicídios ou outros tipos de acidentes. Mas, alguns persistem, mesmo com todas as dificuldades e constrangimentos que relevam a luta inglória.
Neste caso, onde entra o sindicado para orientar e informá-lo dos seus direitos? Por que muitos trabalhadores não recorrem ao sindicato? E os que procuram? O que acontece?
Infelizmente, o sindicato não é um órgão fiscalizador e sim um instrumento em que o trabalhador tem como contar, no que se refere à orientação e mediação de crises entre trabalhador e patrão. O sindicato é limitado a interagir de forma incisiva para bloquear tais repercussões negativas. Ainda com toda a limitação, o sindicato é o principal meio de luta do trabalhador para as conquistas de seus direitos. O que cabe ao sindicato é investir na conscientização do trabalhador em relação a sua saúde.
Trabalhador consciente luta por trabalho decente. Trabalho e saúde não se separam!